Saber quais fatores interferem direta e indiretamente na colheita é a chave para colher sem perdas e com qualidade.
Está chegando a época da colheita de grãos em todo o país, principalmente nas regiões Sul e Centro-Oeste, e com isso o empresário rural deve estar devidamente preparado para esta última etapa realizada no campo, já preparando o solo para a próxima cultura.
Porém, a colheita começa antes mesmo de se colocar as máquinas no campo, com os preparos e manutenção das colhedoras, que merecem atenção especial para que os resultados sejam satisfatórios, pois o produtor não pode se dar ao luxo de perder uma safra.
A quantificação das perdas existentes na colheita de grãos é alvo de estudo de diversos pesquisadores em todas as regiões, e demonstram que o desempenho das colhedoras ainda pode ser superior, pois, as perdas encontradas ainda são elevadas, principalmente em função de regulagens utilizadas incorretamente.
Regulagens da Colhedora para evitar as perdas de grãos
Atualmente as colhedoras de grãos são máquinas que possuem alta tecnologia embarcada, auxiliando o operador a manter as regulagens recomendadas e ainda monitorá-las durante a colheita. Além da tecnologia associada, o princípio de funcionamento de uma colhedora é composto por vários sistemas sequenciais, que realizam as operações de corte e alimentação, trilha, separação, limpeza, transporte e armazenamento dos grãos. O desempenho desses sistemas está interligado ao desempenho individual, devendo-se, portanto, obter o máximo desempenho de cada um.
Diversos fatores influenciam na colheita mecanizada, dentre eles: condições do solo (teor de água), condições climáticas, condições da cultura (porte, altura de inserção, acamamento, grau de maturação, massa seca, fluxo de material, plantas oportunistas), manutenção (limpeza da colhedora, consertos, reparos e substituição de componentes, verificação do funcionamento pré-colheita).
Plataforma: Corte e Recolhimento
O molinete possui regulagens de posição horizontal e vertical, inclinação dos dedos preensores e rotação. Esta rotação deve proporcionar um índice de velocidade do molinete de 1,25 a 1,50, sendo este índice determinado pela relação entre a velocidade do molinete e a velocidade de deslocamento da máquina. Esta regulagem evita perdas por debulha, por arremesso e/ou por tombamento das plantas.
As perdas na plataforma de corte podem ser bastante expressivas se a mesma não estiver bem regulada. Somente a altura de corte correta pode representar até 20% de redução das perdas totais, não deixando desta maneira vagens presas às plantas não colhidas.
Sistema de Alimentação
Neste sistema, que tem função de transportar o material colhido para o interior da máquina, a fim de que seja processado pelos outros sistemas (trilha, separação e limpeza), as observações devem ficar por conta do condutor transversal (caracol ou sem-fim) e esteira de alimentação.
Deve-se verificar a distância do caracol em relação à superfície da plataforma, não devendo estar muito próximo para não danificar o material colhido, e também não muito afastado, para evitar falhas no recolhimento deste material. Este ajuste vai variar em função do fluxo de material colhido. Quanto à esteira, deve-se ter noção da capacidade de fluxo que esta suporta, para que a quantidade de material que está sendo colhido não a sobrecarregue, evitando assim possíveis embuchamentos.
Sistema de Trilha
Este sistema tem a função de remover o grão do restante da planta. A rotação do cilindro trilhador e abertura entre o cilindro e o côncavo são as principais regulagens a serem feitas neste sistema, que quando realizada de forma correta, evitam perdas tanto em quantidade como em qualidade dos grãos colhidos. O modelo mais comum no Brasil, é o que possui cilindro de trilha disposto transversalmente ao deslocamento da máquina, denominado sistema de fluxo radial ou tangencial.
Colhedora Claas com fluxo radial ou tangencial
Há certo tempo no Brasil, se expandiu a comercialização de colhedoras de fluxo axial (cilindro trilhador disposto longitudinalmente, podendo haver dois em alguns modelos).
Colhedora Case IH com fluxo axial
Outros modelos apresentam estes dois sistemas conjugados, possuindo inicialmente um cilindro radial e após este, um ou dois cilindros de fluxo axial, realizando a trilha e a separação dos grãos.
Colhedora Lexion com fluxo misto (radial e axial) Um modelo interessante – e que até pode confundir – é o da colhedora Gleaner, que possui sistema com fluxo axial, porém, com cilindro disposto transversalmente na máquina:
Colhedora Gleaner com fluxo axial e cilindro transversal
Entretanto, as regulagens no sistema de trilha das colhedoras são basicamente a mesma: a rotação do cilindro trilhador e folga entre esse e o côncavo.
A regulagem deve ser feita, considerando-se a cultura colhida, quantidade de material que não é grão, pois conforme a cultura o côncavo pode ser diferente, a rotação do cilindro vai variar em função dela ser mais ou menos resistente a impactos.
A abertura entre o cilindro e o côncavo deve ser proporcional ao fluxo de material que entra na máquina, e sempre maior na entrada e menor na saída, pois o maior volume de material se encontra na entrada, pois, à medida que os grãos são separados da planta, vão caindo através do côncavo diretamente para o sistema de limpeza.
Regulagem da folga de saída entre o cilindro e o côncavo
As perdas no sistema de trilha podem ocorrer devido à não debulha total dos grãos, deixando-os dentro das vagens. Se isto estiver acontecendo, a diminuição da folga pode solucionar este problema, ou ainda a diminuição da rotação do cilindro, fazendo com que o material permaneça por maior tempo na trilha (ou retrilha).
Sistema de separação
Este sistema é composto pelo batedor traseiro, pela cortina defletora e pelo saca palhas. Tem a função de separar os grãos do restante da planta, e lançar o material que não é grão para fora da máquina, passando pelo distribuidor.
Saca-palhas
A cortina tem função de reter o material após passar pelo batedor, não deixando principalmente os grãos serem lançados para fora da máquina, e com isso, ocorre o retardamento do fluxo de material no saca palhas. Esse tem a função de separar os grãos da palha e palhiço, lançando-os para fora da máquina e conduzindo os grãos para o sistema de limpeza.
Sistema de Limpeza
A rotação do ventilador de limpeza deve ser adequada para não serem lançados grãos para fora da colhedora por excesso de fluxo de ar sobre o material e ser suficiente para retirar as impurezas mais leves do que os grãos. A abertura das peneiras deste sistema deve ser regulada para que permita a passagem somente dos grãos em função da cultura que se está colhendo.
Ventilador e peneiras do sistema de limpeza
Cuidados com a Colhedora
Logo após terminar de se colher uma safra, devem ser iniciados os preparativos para a próxima colheita.
O produtor e o operador devem estar atentos aos cuidados necessários com a colhedora, quanto à sua limpeza, manutenção e reparos. É importante nesta fase, atentar para cada detalhe da máquina, principalmente pelo operador, durante e após a colheita. Ele deve verificar e anotar durante a colheita, eventuais problemas que não interferiram em seu andamento, mas que devem ser averiguados posteriormente.
Feito isso, o próximo passo é o alojamento apropriado da colhedora, de preferência em local que tenha somente este propósito, isento de ações do tempo, como chuvas e raios solares. É interessante a retirada da plataforma de corte para guardar a colhedora, a fim de diminuir as cargas sobre o sistema hidráulico. Neste período a manutenção preventiva é que deve ser realizada, sendo primordial para a próxima colheita.
Tomados os devidos cuidados com a colhedora, o produtor deve prepará-la para o trabalho. Uma nova verificação geral de suas peças e componentes principais deve ser feita, antes de começar a colheita. Vale ressaltar que se deve sempre seguir o manual de instruções, pois ele contém todas as informações necessárias para a correta manutenção e utilização da máquina.
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